Ator Bruno Padilha Profere palestra para alunos do LOA
 

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Ator Bruno Padilha Profere palestra para alunos do LOA

13 / Maio / 2021

No último dia 13, por meio do nosso Laboratório de Oratória e Argumentação, recebemos o ator Bruno Padilha para proferir uma palestra sobre atuação cênica e construção da oratória.

Bruno abordou a competência cênica com desafios da profissão, levando em consideração as habilidades desenvolvidas e a construção da oratória, com dicas de fala, do corpo, de presença de palco e a construção do personagem, bem como, suas etapas e dificuldades.

A iniciativa foi coordenada pelo professor Bernardo Nogueira e, durante a palestra, houve interação do ator com os alunos que, ao final, elaboraram perguntas. Confira:

1- Qual personagem você teve mais dificuldade de interpretar, e por quê?

O personagem mais difícil que interpretei até hoje foi no teatro. Um espetáculo muito difícil na sua execução, chamado “Outside”, onde além dos desafios técnicos cênicos enfrentados, o meu personagem era exposto à um esforço físico e emocional extremamente intenso. Fizemos uma temporada curta no Rio de Janeiro, apenas dois meses, mas o suficiente pra receber essa marca rsrs.

2- Onde você teve mais prazer em atuar, na TV, no cinema ou no Teatro?

Eu, honestamente, adoro exercer meu ofício como ator. Sou muito comprometido e sinto um grande prazer em interpretar diferentes personagens, seja no teatro, tv ou no cinema. Já tive uma fase onde respirava o teatro, mas ultimamente no audiovisual, de uma forma geral, tenho me sentido bastante satisfeito e recompensado artisticamente na medida que consigo imprimir aos personagens as intenções e percepções que tenho quando os estou estudando. Nem sempre isso acontece, mas quando rola é maravilhoso. Gosto muito de estar no set de filmagem.

3- O que você considera como o principal desafio da sua profissão?

O principal desafio enfrentado no exercício do ator, acredito que seja a instabilidade de não ter garantias a longo prazo. Geralmente somos contratados por determinada obra, seja na tv, teatro ou cinema, o que nos coloca numa posição de não poder abusar das prestações por exemplo rsrs. Mas ao mesmo tempo, viver sempre algo novo, desafios, elencos, personagens, autores, obras dramatúrgicas, é o que mantém vivo o frescor que precisamos ter para estar em cena.

4- O que você considera mais importante para manter o seu público atento e interessado na sua fala ?
Acredito que a verdade que empregamos na cena é o que mantém o público conectado, claro que uma boa história também conta e muito, mas quando conectamos os sentimentos às falas, quando realmente acreditamos no que estamos fazendo naquele determinado momento presente, é impossível o público não estar respirando junto com a gente.

5- Como é o processo de criação de um personagem? Quais etapas? E quais dificuldades?

A construção de um personagem cumpre algumas etapas normalmente. Ele nasce a partir do desejo do autor ou escritor, depois que somos escolhidos (geralmente por processo seletivo através de testes) começamos nosso trabalho tentando nos familiarizar com todo o universo daquele personagem (quem é ele? Onde ele vive? Quais as circunstâncias que o fizeram estar ali? Qual idade, profissão? Ele possui alguma particularidade física ou psíquica? Enfim, iniciamos uma investigação profunda para nos dar elementos para uma abordagem. Sempre bom, principalmente no caso do teatro, conhecer mais profundamente o autor, saber o que ele já escreveu, qual o estilo está sendo abordado. Depois disso entram as orientações do diretor em relação à cena. Mas o mais legal é quando entra o figurino, onde você experimenta a roupa, os sapatos do personagem, ali a mágica começa a acontecer. Mas a verdade é que dificilmente estamos completamente seguros e acho que é isso que dá margem a grandes interpretações, paradoxalmente. Bom, as dificuldades estão só começando. Nesse lugar, as dificuldades, as inseguranças, as dúvidas e sobretudo o prazer de estar em cena, se misturam. “É preciso ter um caos dentro de si para dar luz a uma estrela cintilante” (Nietzsche).

Ao final, Bruno Padilha realizou uma oficina de atuação com os alunos.